O clássico filme da RKO com uma dublagem que marcou gerações.
Entre todos os filmes de monstros gigantes que o Cinema já produziu, King Kong é o principal deles. Lançado em 1933, o filme arrecadou 90 mil dólares no final de semana de estreia nos Estados Unidos, um novo recorde para a época, e transformou-se logo em um clássico.
Hoje, Kong é um dos principais ícones do cinema de todos os tempos, e já serviu de inspiração para centenas de outros diretores ao longo dos anos. Em 1976 um remake foi lançado com uma continuação dez anos depois, em 2005, Peter Jackson lançou um novo remake desse filme e em 2017 foi lançado Kong: A Ilha da Caveira.
A história do clássico filme é simples: Carl Denham, um diretor de cinema com mania de grandeza, consegue um mapa de uma ilha misteriosa, chamada de “Skull Island” (Ilha da Caveira).
Lá, dizem os rumores, reside um monstro enorme e abominável, então Denham decide filmar o “filme de sua vida” naquele lugar. Para isso, parte em expedição num navio com sua equipe de filmagem e a atriz que será a mocinha do filme, Ann Darrow (a bela atriz Fay Wray, cuja cena onde Kong arranca parte de suas roupas foi originalmente censurada, sendo integrada ao filme apenas em um relançamento posterior).
Chegando lá eles encontram um mundo totalmente estranho, além da existência do macaco gigante: uma tribo indígena que realiza rituais de oferendas humanas a Kong e animais pré-históricos ainda vivos (as sequências com os dinossauros são tão interessantes quanto as sequências com Kong).
O problema é que Ann é sequestrada por Kong (ela seria a oferenda de um dos rituais), e agora a equipe deve penetrar no coração da ilha para tentar resgatá-la, tendo de encarar todos os perigos que ela oferece.
A cena mais famosa do filme – Kong no topo do Empire State Building – acontece apenas perto do seu final, como todas as cenas de Nova York, ou seja, a grande maioria do filme passa-se na floresta mesmo.
King Kong é na realidade (e deve ser visto desse jeito) uma grande diversão, um dos mais clássicos, que está recheado de cenas inesquecíveis: a chegada à Skull Island, com seu imenso portal que separa a tribo indígena do resto da floresta – domínio de Kong; a primeira aparição do macaco (e o close do seu rosto, que hoje é engraçado, mas certamente foi feito para assustar a plateia).
A luta entre Kong e o dinossauro (Jurassic Park homenageou – pra não dizer copiou – esta cena) e, claro, toda a sequência de Kong em Nova York, com Ann, sua amada (ou brinquedinho) em suas mãos.
Tecnicamente, King Kong é um filme intrigante. Se hoje o grande macaco é visto apenas como uma sequência de animação mal executada, na época ele gerou comentários exaltados.
Os executivos do estúdio RKO, onde Kong foi filmado, ficaram embasbacados com o resultado, dizendo que nunca haviam visto nada assim antes (e realmente, não viram mesmo, nem ninguém mais). Hoje em dia, dizem que o sucesso comercial do filme foi o responsável por evitar que o estúdio falisse.
Kong também exigiu acrobacias dos seus diretores: algumas sequências realizadas, como as dos aviões disparando sobre ele nos céus de Nova York, exigiram habilidade e criatividade do diretor Merian C. Cooper (que, como curiosidade, faz o close de um dos pilotos).
Esta sequência final, em particular, foi a mais difícil de ser filmada: nela o modelo em miniatura de 18 polegadas de altura foi substituído por um ator em roupa de macaco, até a cena da queda de Kong do alto do prédio, onde novamente foi utilizada a miniatura. Outra curiosidade: o próprio Empire State Building estava em fase de construção durante as filmagens.
A dublagem da AIC.
Conforme nos relatou o dublador Francisco José, King Kong foi dublado em meados de 1970 e a direção de dublagem foi realizada por Dráusio de Oliveira.
Francisco José ficou surpreso com a sua escalação para este filme tão importante, uma vez que ainda era bem recente na dublagem. Além disso, ficou com o vilão para dublar, o que aumentava ainda mais a sua responsabilidade.
Para a heroína, havia a necessidade de uma dubladora com voz meiga, mas que também expressasse horror, pânico ao ver o gigantesco gorila e até hoje os fãs elogiam a excelente dublagem de Maralise Tartarine para a atriz Fay Wray.
O filme possui poucos personagens principais e o roteiro gira em torno da heroína, o vilão e o heroi dublado por Garcia Neto, com a sua voz firme bem adequada ao grande “salvador” de Ann Darrow das garras de King Kong.
Uma dublagem perfeita, a qual felizmente está preservada, embora o estúdio RKO e suas distribuidoras tenham desaparecido, houve a preocupação de mantê-la num filme que ainda empolga, mesmo com seus efeitos especiais de 80 anos atrás conseguiu superar os dois remakes realizados, em 1976, e 2005, com o avanço da tecnologia.
Esta dublagem da AIC, embora o filme se concentre mais na aventura, demonstra uma grande qualidade nas interpretações de Maralise Tartarine, Garcia Neto e, sobretudo, Francisco José, que desempenhou um vilão com características bem diferentes.