Em plena virada para os anos 1990, os Estados Unidos assistiram ao surgimento de Super Force, uma série que misturava ação policial, ficção científica e estética futurista.

A produção colocava em cena o detetive Zachary Stone, um ex-astronauta que, após o assassinato de seu irmão e a ineficiência do sistema judiciário, decide fazer justiça com as próprias mãos. O diferencial? Uma superarmadura de combate, um visual entre o policial urbano e o super-herói dos quadrinhos.

A série foi um prato cheio para quem gostava de tecnologia de ponta, motocicletas velozes, armas futuristas e dilemas éticos sobre segurança versus liberdade. Embora marcada pelo orçamento limitado, a produção conquistava pelo ritmo acelerado, cenários estilizados e personagens com carisma — incluindo o hacker FX Spinner, vivido por Larry B. Scott, e o misterioso E.B. Hungerford, interpretado pelo veterano Patrick Macnee.

Domingo de ação: a estreia na Globo

Super Force estreou na Rede Globo em abril de 1992, indo ao ar nas manhãs de domingo, como parte de um novo pacote de “enlatados” que incluía também Tarzã – O Guardião da Selva e K-9000. Com apenas um punhado de episódios exibidos inicialmente, a série saiu da programação no mesmo ano, mas retornaria em 1995, desta vez ocupando a faixa da madrugada — onde encontrou um público fiel e nostálgico.

Mesmo com sua exibição irregular, Super Force causou impacto suficiente para ser lembrada por muitos fãs da ficção científica na TV aberta dos anos 90, quando produções com pegada cyberpunk e vigilantes solitários estavam em alta.

Vozes de aço: a dublagem brasileira da Herbert Richers

A dublagem nacional de Super Force foi produzida nos estúdios da Herbert Richers, com um trio central de dubladores que garantiu personalidade e impacto às versões brasileiras dos personagens.

Marco Antônio Costa foi escalado como a voz de Zachary Stone, conferindo ao protagonista a energia, a seriedade e o tom de justiceiro que a série pedia. Marco já era uma voz recorrente de heróis e líderes da televisão, e sua performance encaixou com precisão no detetive em armadura futurista.

Marco Ribeiro trouxe o estilo descontraído e rápido de fala ao personagem F.X. Spinner, o hacker irreverente e parceiro de Stone nas investigações tecnológicas. E Jomeri Pozzoli emprestou sua voz grave e nobre ao misterioso Senhor H. (E.B. Hungerford), figura quase mística que guiava o herói em sua cruzada por justiça.

A narração da abertura em português ficou a cargo de José Santana, uma voz icônica, que reforçava o tom solene e futurista da série. A leitura dos títulos não teve um locutor fixo identificado.

Entre reprises e memória afetiva: o legado de Super Force

Embora nunca tenha sido um sucesso massivo, Super Force se tornou um cult para os nostálgicos da televisão de ação da década de 1990. A mistura de estética sci-fi, dramas policiais e comentários sociais rendeu à série uma certa longevidade — especialmente no Brasil, onde sua dublagem ajudou a fixá-la na lembrança de uma geração que cresceu assistindo TV aberta.

Nunca relançada oficialmente em home video por aqui e pouco comentada na mídia atual, Super Force sobrevive nos arquivos de colecionadores e na memória afetiva de quem a viu de madrugada, em meio à programação da Globo — com justiça, ação e uma armadura reluzente.