A Redublagem de Excalibur
Por: Dennis Rodrigo Oliveira
Nostalgia é a sensação de saudade originada pela lembrança de um momento vivido no passado… E não posso nem pretendo falar por você que está lendo isso agora, mas muito do meu grande apresso por dublagem tem origem em nostalgia. Aquela memória afetiva que nos remete a uma experiência boa, que coloca um sorriso no rosto e calor no coração. Mas é claro que é ótimo ter surpresas!
Quando criança nos anos 1980, tive a oportunidade de conferir as versões brasileiras de filmes que considero verdadeiros clássicos. A exibição de Rambo nos primórdios do SBT foi um desses momentos especiais. É lógico que aprendi a gostar do trabalho de outros dubladores, mas Rambo tem no talento do saudoso André Filho a sua melhor voz para mim.
Ainda naqueles tempos e no canal do Homem do Baú, conferi Excalibur (1981), de John Boorman. Que filme! Que dublagem! Produzido nos estúdios Herbert Richers, a versão brasileira trazia Dário de Castro como a voz do Rei Arthur, Ilka Pinheiro como feiticeira Morgana, José Santanna como Lancelot, Carmem Sheila como Guinevere e Ionei Silva como Merlin entre os personagens principais. Com participações menores estavam gênios como Darcy Pedrosa (Uther), José Leonardo (Mordred criança) e Silvio Navas (Sir Hector).
Esta foi uma daquelas dublagens que já nasceram épicas… então, imagine a minha surpresa ao rever o filme na Globo, praticamente 10 anos depois… Mas com novo elenco vocal do mesmo nível, também cortesia da Herbert Richers.
Na redublagem exibida na Sessão de Gala, Nilton Valério, voz de Michael Keaton em Batman (1989 e 1992), emprestou seu talento ao Rei Arthur de Niegel Terry. Maria Helena Pader “foi” uma Morgana incrível. Lancelot e a Rainha Guenevere estiveram a cargo de Guilherme Briggs e Guilene Conte enquanto Márcio Simões garantiu ao Mago Merlin a acidez, humor e sarcasmo dignos de nota! Paulo Vignolo me pareceu mais apropriado à interpretação do jovem Mordred do que na versão anterior, de Carlos Marques. E dessa vez tivemos Hamilton Ricardo tendo Patrick Stewart como boneco no lugar de André Filho, e Sylvia Salustti no lugar de Mônica Rossi como Igraine – participações pequenas, verdade, mas memoráveis!
Ao meu ver, além de acertar na escalação de um novo e pujante elenco, a redublagem tem grande mérito na adaptação do texto, em que o linguajar inglês clássico dá lugar à falas mais coloquiais, mas que ainda conservam o esmero e esforço de caracterização da obra. Quem viu, acredito, guardou esta boa experiência na memória.