“Seu objetivo, caso escolha aceitá-lo…” começa mais uma missão para Ethan Hunt. Só que desta vez, quem embarca com ele somos nós, espectadores brasileiros, guiados por vozes familiares, traduções afiadas e direção experiente. A dublagem do penúltimo capítulo da saga Missão: Impossível é, no geral, uma missão bem-sucedida.
Profissionalismo com assinatura
Sob o comando experiente de Manolo Rey, a dublagem entrega um trabalho coeso e bem orquestrado. Manolo, que também empresta sua voz a coadjuvantes, mostra mais uma vez seu domínio de ritmo e naturalidade em diálogos, sabendo conduzir um elenco grande e diverso com harmonia — o que não é pouca coisa, considerando a quantidade de personagens.
A tradução de Pavlos Euthymiou segue a linha clássica do bom trabalho funcional: ágil, fiel ao contexto e sem comprometer o conteúdo técnico. É fluida o suficiente para não distrair, ainda que em alguns momentos careça de ousadia criativa nas adaptações idiomáticas.
Philippe Maia e sua missão de arrebentar na dublagem!
A voz de Maia já é sinônimo de Ethan para o público brasileiro, e aqui ele entrega novamente com segurança. A tensão emocional das cenas mais dramáticas não se perde na transposição vocal — ao contrário, ganha um peso maduro que casa com o Ethan mais cansado e assombrado desse filme.
Evie surpreende. Sua Grace tem vida, tem jogo de cintura, e ainda flerta com a dubiedade da personagem com uma entonação sagaz. Um grande acerto de escalação.
Com a voz grave que impõe respeito, Garcia Júnior traduz bem o vilão contido, mas ameaçador. Embora sua interpretação seja tecnicamente impecável, em momentos-chave a direção poderia ter pedido mais variação de tom — Gabriel soa tão centrado que às vezes perde impacto emocional.
Gutemberg Barros (Benji) e Ronaldo Júlio (Luther), uma dupla sólida. Barros é leve, quase cômico, sem cair na caricatura — essencial para o personagem de Simon Pegg. Já Ronaldo Júlio carrega a voz de Luther com gravidade e serenidade, sendo um excelente contraponto.
Impossível não gostar!
Contudo, Nestor Chiesse como Nick Offerman levanta algumas sobrancelhas. A voz é sólida, mas destoa um pouco da persona habitual do ator original — os fãs nos fóruns notaram. O Offerman habitual tem um sarcasmo natural e seco que se perde aqui na versão nacional, que soa mais “mansa” do que deveria.
A dublagem mista (Lyuno + Unidub) causou variações de qualidade em personagens secundários e figurantes. Algumas vozes soam genéricas e desconectadas da estética mais cinematográfica dos protagonistas.
Em certas cenas de ação mais frenéticas, a mixagem das vozes não tem o mesmo impacto da versão original — algo que pode ser culpa da própria mixagem nacional e não do elenco.
O contexto geral funciona muito bem, e é impossível não querer ver dublado esse primoroso trabalho.
Avaliação da Dublagem
Direção de Dublagem: ⭐⭐⭐⭐⭐
Tradução e Adaptação: ⭐⭐⭐⭐⭐
Vozes principais: ⭐⭐⭐⭐⭐
Elenco secundário: ⭐⭐⭐⭐☆
Mixagem: ⭐⭐⭐⭐☆
AVALIAÇÃO FINAL:

