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Crítica da Dublagem: Como Treinar o Seu Dragão (2025)

A adaptação live-action de Como Treinar o Seu Dragão chegou aos cinemas com um peso considerável: agradar tanto os fãs das animações originais quanto uma nova geração. E se no original os personagens já conquistavam pelo carisma e pela alma, na versão dublada em português o desafio era ainda maior — reencontrar vozes que marcaram uma geração e adaptá-las ao realismo do live-action.

O resultado? Um trabalho belíssimo de resgate, sensibilidade e técnica. A dublagem brasileira, feita no estúdio Delart sob direção da experiente Flavia Fontenelle, não só respeita o material original como o reinventa com elegância e emoção. É a prova de que, quando se trabalha com afeto e competência, é possível emocionar de novo — mesmo contando uma história que muitos já conhecem.

 

Direção e tradução: fidelidade com alma nova

Flavia Fontenelle, que também integra o elenco como voz adicional, dirige com pulso firme e escuta generosa. Ela entende que este projeto não é apenas mais um — é uma continuação afetiva de uma saga que moldou parte da infância de muitos brasileiros.

A tradução, assinada por André Bighinzoli, acerta no tom: respeita os nomes consagrados e as frases icônicas, mas também permite ajustes que dão fluidez à nova narrativa. Não há rebuscamento artificial, nem modernismos forçados. O texto soa natural e emocionalmente envolvente, como deve ser.

 

Elenco: o coração que bate do mesmo jeito

O maior trunfo dessa dublagem é a manutenção das vozes originais dos filmes animados — um presente para os fãs e uma escolha extremamente inteligente.

Crescido junto com o personagem, Gustavo traz um Soluço mais contido, introspectivo, mas ainda assim sonhador. Sua entrega está mais madura, acompanhando bem a transformação estética do personagem em carne e osso. Ele carrega emoção genuína nos momentos mais íntimos e não perde o tom em nenhuma transição.

Sempre segura, Luisa é assertiva, carismática e precisa. Sua Astrid transparece força e ternura — combinação essencial para o coração da história. E ainda dispensa apresentações Mauro Ramos com as falas de Stoico, com a grandiosidade vocal que ele sempre teve, agora amplificada por um rosto real (o de Gerard Butler). É imponente, mas nunca insensível.

O núcleo cômico está em Charles Emmanuel, Lina Mendes, Claudio Galvan, Paulo Mathias Jr. e companhia. Ele funciona com leveza. Destaque especial para Fabrício Vila Verde, que assume o personagem Cabeça-Dura com respeito e afeto após o falecimento de Caio César. Uma transição que emociona, sem destoar.

 

Qualidade sonora e vozes adicionais

A mixagem, feita por Gabriel Salazar, é de altíssimo nível. Os diálogos não se perdem em meio aos sons dos dragões e das batalhas — mérito também dos técnicos de gravação, como Victor Felipe e Rodrigo Pereira. As vozes adicionais, com nomes experientes como Reginaldo Primo, Verônica Rocha e Carol Crespo, ajudam a manter o tom elevado até nos figurantes.

 

Adaptação com dedicação

Em algumas cenas mais dramáticas, pode haver diferenças de intensidade ou estilo, não por falta de talento dos dubladores, mas porque há um trabalho artístico e coletivo pensado para o público brasileiro. Como bem disse a diretora: “A boa dublagem não imita o original. Essa é a versão brasileira, para o público brasileiro.

O trabalho do Gustavo e do Mauro, grandes atores, demonstra justamente essa autenticidade e personalidade que tornam a dublagem brasileira tão especial, fruto de muitos ensaios, debates e da experiência de profissionais que vivem os estúdios há décadas, trazendo para nossa realidade numa sonoridade própria.

Avaliação da Dublagem

Direção de dublagem: ⭐⭐⭐⭐⭐
Tradução: ⭐⭐⭐⭐☆
Vozes principais: ⭐⭐⭐⭐⭐
Elenco secundário: ⭐⭐⭐⭐☆
Mixagem: ⭐⭐⭐⭐⭐

AVALIAÇÃO FINAL:

Como Treinar O Seu Dragãol

How To Train Your Dragon
 

Ano: 2025

País: Estados Unidos

Classificação: 10 anos

Duração: 125 min

Direção: Dean DeBlois

Elenco: Mason Thames , Nico Parker , Gerard Butlers

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Izaías Correia
Professor, roteirista e web-designer, responsável pelo site InfanTv. Também é pesquisador da dublagem brasileira.

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