Everwood
Everwood: Uma Segunda Chance
- de 16/09/2002 a 05/06/2006.
- 4 temporadas (89 episódios).
- Berlanti-Liddell Productions e Warner Bros. Television

DIREÇÃO DE DUBLAGEM:
Hércules Franco
ESTÚDIO DE DUBLAGEM:
Wan Macher
MÍDIAS:
Televisão e DVD
Elenco Principal














Aparições Recorrentes












Outros


A Dublagem
Em tempos em que dublagens se tornaram alvo de discussões acaloradas nas redes sociais, poucas séries dos anos 2000 exibidas na TV aberta brasileira souberam traduzir emoção com tanta precisão quanto Everwood: Uma Segunda Chance. Exibida originalmente pela Warner Channel em 2002 e levada ao grande público pelo SBT em 2005, a série ganhou vida nova graças a um elenco de vozes cuidadosamente escolhido e uma direção de dublagem sensível e sintonizada com o espírito da trama. A seguir, um mergulho nesse trabalho de bastidores que deu sotaque brasileiro a uma das mais subestimadas joias do drama televisivo norte-americano.
Da Sala de Cirurgia para o Coração: A série por trás da voz
Everwood foi criada por Greg Berlanti — hoje conhecido por séries como Arrow e This Is Us — e nasceu com vocação para emocionar. A trama gira em torno de Andy Brown, um renomado cirurgião de Nova York que, após a morte da esposa, decide recomeçar a vida em uma pequena cidade no Colorado ao lado dos filhos, Ephram e Delia.
A série é uma meditação sobre luto, reconstrução e afeto, ancorada em personagens imperfeitos e diálogos sinceros. Exibida entre 2002 e 2006, Everwood se destacou por ir além do drama adolescente tradicional: tocava em temas como suicídio, aborto, fé, doenças mentais, diferenças geracionais e preconceito, sempre com sensibilidade.
Ambientada na fictícia Everwood, mas filmada em Ogden (Utah), a série conquistou a crítica e garantiu indicações ao Emmy, além do reconhecimento como “melhor drama do ano” pelo Detroit News em sua estreia.
Da Warner ao SBT: Everwood cruza os alpes e chega ao Brasil
A primeira exibição nacional de Everwood aconteceu em 7 de novembro de 2002 no canal pago Warner Channel, onde foi bem recebida pelo público de nicho que acompanhava séries com legendas. Mas foi em 23 de janeiro de 2005, com a estreia no SBT, que a produção finalmente alcançou um público maior. Rebatizada como Everwood: Uma Segunda Chance, a série encontrou um novo contexto cultural e afetivo entre os brasileiros — e parte fundamental dessa transição foi feita pela dublagem.
A decisão de escalar um elenco de vozes experiente e emocionalmente ajustado aos personagens garantiu a fluidez do texto e o envolvimento do público. As falas não pareciam importadas — pareciam vividas aqui.
Um drama com vozes brasileiras
No Brasil, Everwood chegou discretamente pelo canal Warner em 7 de novembro de 2002. Mas foi no SBT, a partir de janeiro de 2005, que a série encontrou um público mais amplo e passou a ser chamada de Uma Segunda Chance. O título nacional reforçava bem o espírito do enredo — o recomeço, a reconstrução, o perdão. E é justamente nesse ponto que entra a dublagem: a ponte entre um drama tipicamente norte-americano e a identificação emocional do espectador brasileiro.
A responsabilidade da versão brasileira ficou a cargo do estúdio Wan Macher, com direção do experiente Hércules Franco, que soube tratar cada diálogo com o peso e a sutileza exigidos por um roteiro que vive entre silêncios significativos e confissões emocionais. A adaptação das falas, longe de ser apenas uma transposição literal, respeitou a cadência emocional dos personagens e trouxe um ritmo que nunca soou artificial aos ouvidos do público nacional.
A voz do protagonista Andy Brown foi assumida por Júlio Chaves, que já vinha de longos anos de experiência emprestando credibilidade e humanidade a personagens complexos. Sua interpretação foi essencial para traduzir as angústias e esperanças do médico que busca recomeçar. Sérgio Cantú deu voz a Ephram Brown na maior parte da série, imprimindo bem o tom rebelde e emocional do adolescente dividido entre a raiva do pai e os próprios conflitos internos. Em um momento posterior, Manolo Rey assumiu o papel, mantendo a coerência do personagem já em fase mais madura. Adriana Torres como Amy Abbott trouxe leveza e conflito em doses precisas, equilibrando as dores do crescimento com a doçura da personagem.
Thiago Fagundes, no papel de Bright, soube transitar entre o humor e a vulnerabilidade do irmão impulsivo de Amy, enquanto Hélio Ribeiro, como o austero Dr. Harold Abbott, imprimiu autoridade e um senso de moral rígido que aos poucos se revelava permeado por sentimentos mais profundos. Lina Mendes, Teresa Cristina, Ilka Pinheiro, José Santana e Nádia Carvalho também se destacaram nas interpretações de Delia, Nina, Edna, Irv e Rose, respectivamente, compondo um elenco coeso e emotivo, com vozes que pareciam ter sido escolhidas não só pela técnica, mas pela capacidade de gerar afeto.
Histórias que deixaram marcas
Embora Everwood não tenha sido um fenômeno de audiência no Brasil, deixou uma marca profunda em quem assistiu. A dublagem, nesse caso, não apenas acompanhou o conteúdo — ela foi um fator ativo na construção da experiência emocional do público. O cuidado da Wan Macher e a condução de Hércules Franco garantiram uma versão que manteve a alma da série, mesmo quando adaptada a uma nova cultura e língua.
A série ainda é lembrada como uma referência de boa dublagem dramática. Foi um raro exemplo em que o trabalho vocal soube respeitar os tempos dramáticos da obra, as pausas cheias de subtexto e os silêncios significativos — elementos difíceis de preservar em um processo de localização. Nas reprises e DVDs, as vozes brasileiras continuaram a ecoar com a mesma potência, tornando-se parte inseparável da memória afetiva de muitos espectadores.
Em um tempo em que a velocidade dos lançamentos muitas vezes atropela o refinamento das dublagens, Everwood é uma lembrança de que quando se respeita a alma de uma história, ela atravessa barreiras — e chega, de fato, ao coração.