Elenco de Dublagem - Desenhos Matérias

Paaman

Super Dínamo

DIREÇÃO DE DUBLAGEM:

Carla Civelli

ESTÚDIO DE DUBLAGEM:

Cinecastro

MÍDIAS:

Televisão

Elenco Principal

A Dublagem

Muito antes dos animes se tornarem febre nas manhãs e tardes da TV brasileira, uma produção japonesa já conquistava os corações dos pequenos telespectadores. Super Dínamo, conhecido originalmente como Pāman, foi exibido entre 1967 e 1968 no Japão e se tornou um dos primeiros representantes do gênero a fazer sucesso por aqui. Com sua proposta simples e personagens carismáticos, o desenho encantou uma geração que ainda descobria o que era “desenho japonês” — sem saber que estava presenciando o nascimento de um fenômeno cultural.


65 Episódios de Aventura Super-Humana


No Japão, Super Dínamo foi exibido entre 2 de abril de 1967 e 14 de abril de 1968, somando impressionantes 65 episódios.

Mitsuo era aquele tipo de menino que todo mundo conhece: fã de gibis, mestre em arranjar confusão na escola e sobrevivente das broncas da mãe superprotetora. Vivia em pé de guerra com a irmã Ganko e mal conseguia escapar das armações dos valentões Kabao e Sabu. Mas tudo mudou no dia em que um ser de outro planeta, um tal de Super Homem (não aquele da capa vermelha, hein), apareceu para recrutá-lo para uma missão galáctica: virar o Super Dínamo número 1 e proteger o mundo do mal — ou, no caso, do Japão. Mas tinha regra: nada de perder o uniforme nem sair contando pra geral quem ele era, senão… adeus memória, dizia o Super Homem com aquele jeitão ameaçador.

Vestido de herói, Mitsuo virou líder de um esquadrão bem fora do comum: tinha a esperta Parco, o macaco Bobby, o destemido Parien e até um bebê super-herói, porque por aqui até fralda vira uniforme! Equipados com capacetes mágicos, capas voadoras e o lendário Robô-Cópia (um boneco que enganava os pais direitinho!) eles viviam aventuras mirabolantes enquanto tentavam manter as aparências em casa. No fim, como todo bom menino responsável, Mitsuo percebe que carregar o mundo nas costas não é moleza e decide pendurar a capa. Porque, afinal, ser herói é legal, mas tirar nota boa na escola e não levar bronca da mãe também é uma missão das mais difíceis.


Uma Explosão de Novas Vozes no Brasil


O anime desembarcou no Brasil em 1973, causado uma sensação quase instantânea e permanecendo em exibição até 1978 – primeiro na TV Tupi, depois na TV Record.

 A dublagem foi realizada pelo estúdio carioca Cinecastro, sob a direção de Carla Civelli. Com vocais carismáticos e desempenho afinado, os dubladores deixaram suas impressões marcantes.

A protagonista Mitsuo Suno, o Super Dínamo nº 1, foi dublado por Glória Ladany, uma das pioneiras da dublagem brasileira. Glória imprimiu uma personalidade firme e ao mesmo tempo juvenil ao personagem, equilibrando a inocência infantil com a seriedade exigida pela vida de herói mascarado. Sua voz soava familiar, carismática, e ajudava a dar credibilidade ao papel de líder do grupo.

Já Sumire Oshino, ou Parco (Super Dínamo nº 3), foi interpretada por Cordélia Santos, que trouxe doçura e segurança para a única garota da equipe. Cordélia sabia dosar emoção e firmeza, dando à personagem um destaque que fugia do estereótipo da “menina frágil” — ela era forte, participativa e bastante ativa nas missões.

Francisco Milani, ator renomado de teatro e televisão, foi escalado para múltiplos papéis, incluindo Paryan (Super Dínamo nº 4), o Sr. Suwa e o trapalhão Sabuo. Sua habilidade de mudar o tom e a impostação vocal entre os personagens foi essencial para diferenciar figuras tão distintas — um feito notável, especialmente num tempo em que gravações de dublagem eram feitas em grupo, direto na fita.

Outro nome importante é Carlos Marques, que emprestou sua voz ao Super Dínamo nº 5 (Nene) e também ao bobalhão Kabao. Com uma voz marcante e bem articulada, Marques era versátil e conseguia, em questão de segundos, sair de um personagem enérgico para um completamente cômico. Sua contribuição foi vital para a dinâmica dos episódios.

O impetuoso Super Dínamo nº 2, também conhecido como Bobby, teve a voz de Domício Costa, outro dublador experiente, que trouxe um tom meio estabanado, porém sempre leal. Sua performance dava ritmo às cenas de ação, especialmente quando o grupo enfrentava vilões ou resolvia situações absurdas com aquele toque de comédia típica dos animes da época.

Também se destacaram Neuza Tavares, como Michiko, e Mara Di Carlo, que deu vida a Ganko e à Sra. Suwa. Ambas desempenharam com brilho suas participações, marcando com suavidade e firmeza os poucos momentos femininos em um desenho majoritariamente masculino — algo importante para a representatividade da época.

A soma desses talentos resultou numa dublagem vibrante, que manteve a essência japonesa do anime, mas adaptou com sucesso para o público brasileiro. O cuidado na escolha das vozes, na entonação das falas e na naturalidade dos diálogos tornou Super Dínamo um exemplo de como a dublagem pode transformar um desenho estrangeiro em algo profundamente nacional e afetivo.


Contexto: Onda Oriental Chegando Aqui


Na década de 70, Super Dínamo chegou numa época em que os brasileiros começaram a experimentar a cultura pop oriental pela TV — ainda que tardiamente. A sua exibição entre 1973 e 1978 fez do desenho uma porta de entrada memorável para o mundo dos animes por aqui.

Mesmo com um visual simples, texto heroico e animação limitada, o charme de Super Dínamo conquistou gerações. Foi um dos primeiros títulos a mostrar que a animação japonesa não era só golfinhos e samurais, mas também heróis mirins com poderes e corações grandes.

Atualmente, o anime é lembrado como uma relíquia pela geração que viu nas tardes de TV aberta uma chance única de viajar aos universos paralelos de coragem, amizade e mistério.

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Izaías Correia
Professor, roteirista e web-designer, responsável pelo site InfanTv. Também é pesquisador da dublagem brasileira.

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