No dia 15 de janeiro de 1974, estreava na rede ABC uma simpática sitcom passada nos anos 1950: Happy Days. A proposta era simples — mostrar a vida cotidiana de uma típica família de classe média americana em Milwaukee — mas sua execução conquistou gerações.

A princípio, o foco recaía sobre Richie Cunningham, vivido por Ron Howard, e seu melhor amigo Potsie Weber, interpretado por Anson Williams. Os dois viviam pequenas aventuras adolescentes, sempre com a lanchonete de Arnold como ponto de encontro.

Mas o que realmente deu sal à série foi um coadjuvante que rapidamente roubou a cena: Arthur “Fonzie” Fonzarelli, o mecânico durão de jaqueta de couro, moto envenenada e topete impecável. Interpretado por Henry Winkler, Fonzie virou ícone da cultura pop e acabou se tornando o personagem central da série. Ao lado dele, os pais de Richie (Tom Bosley e Marion Ross), a irmã Joanie (Erin Moran) e o amigo Ralph Malph (Don Most) completavam o time que formou uma das famílias mais queridas da televisão americana.

O Topete, a Jaqueta e a América dos Anos 50

A ideia de Happy Days nasceu em 1972, quando Garry Marshall escreveu um piloto chamado New Family in Town, rejeitado pela ABC. O material acabou sendo reciclado como um segmento da série Love, American Style. Somente após o sucesso do filme American Graffiti (1973), que reacendeu a paixão pelos anos 50, é que Happy Days ganhou sinal verde. A série estreou em 1974 e permaneceu no ar por dez temporadas, totalizando 255 episódios.

Inicialmente um drama cômico suave, com o passar dos anos o programa assumiu um tom mais humorístico, repleto de personagens marcantes e situações leves. Fonzie, o rebelde de bom coração, tornou-se símbolo de estilo e moral, sempre pronto para ajudar os amigos com conselhos certeiros e um estalar de dedos. O sucesso foi tanto que a série deu origem a diversos derivados, como Laverne & Shirley, Joanie Loves Chachi e Mork & Mindy, que revelou Robin Williams.

Dublagem com Estilo (e um Estalar de Dedos)

No Brasil, Happy Days estreou na Rede Globo em 8 de março de 1980, mantendo seu título original e sendo exibido aos sábados à tarde, às 16h30. A versão brasileira foi dublada pelo estúdio Herbert Richers, sob a direção de Ângela Bonatti. O elenco de vozes conseguiu captar com precisão o ritmo e o humor da série americana.

O grande destaque da dublagem ficou com Newton da Matta, que emprestou sua voz ao inesquecível Fonzie. Com seu timbre firme e seu timing impecável, Newton deu ao personagem ainda mais charme.

Carlos Marques (Richie), Viviane Farias (Joanie), João Jacy Batista (Sr. Cunningham), Glória Ladany (Sra. Cunningham), Armando Braga (Potsie) e Júlio Chaves (Ralph) também brilharam, compondo um grupo coeso e cativante. A leitura dos títulos era feita por Ricardo Mariano Dublasievicz, completando a experiência com uma pitada de estilo.

Um Topo de Brilhantina na Memória da TV

Happy Days pode não ter tido vida longa na televisão brasileira, mas sua passagem marcou. Em um momento em que o público local começava a consumir sitcoms internacionais com mais regularidade, a série foi um dos retratos mais charmosos e nostálgicos da juventude americana dos anos 50.

Fonzie virou sinônimo de atitude “descolada” e influenciou gerações com seu “ei!” e seu famoso polegar levantado. Para muitos brasileiros, aquela jaqueta de couro preta virou sinônimo de estilo eterno. Mesmo com poucas reprises, Happy Days permanece na memória como uma cápsula afetiva, onde a inocência, a música, os valores familiares e os bons momentos se misturavam num verdadeiro tributo à adolescência.