Elenco de Dublagem - Séries

Archie Show

A Família Buscapé

DIREÇÃO DE DUBLAGEM:

?

ESTÚDIO DE DUBLAGEM:

AIC - São Paulo

MÍDIAS:

Televisão

Elenco Principal

Outros

A Dublagem

Quando A Família Buscapé estreou na televisão norte-americana em 26 de setembro de 1962, ninguém imaginava que a comédia rural se tornaria um fenômeno cultural global. Criada por Paul Henning, a série contava a história dos Clampett, uma família simples do interior dos Estados Unidos que, ao encontrar petróleo em suas terras, se muda para Beverly Hills — levando consigo seus modos rústicos, sotaques marcantes e uma ingenuidade cômica irresistível.

No Brasil, a série aportou durante os anos 1960, trazida pela TV Record, e rapidamente ganhou o coração do público. Mas o que realmente transformou a experiência brasileira de assistir aos “caipiras milionários” foi a sua dublagem primorosa, realizada pela AIC – Arte Industrial Cinematográfica, de São Paulo.

Foi ali que a série deixou de ser apenas uma comédia americana para se tornar um verdadeiro clássico televisivo nacional, graças ao talento de um elenco de vozes que deu alma, ritmo e autenticidade à tradução.


 

O sucesso que veio do campo: produção e enredo

The Beverly Hillbillies nasceu em meio à febre das sitcoms rurais que dominaram a televisão americana nos anos 60. Produzida pela Filmways Television, a série se destacou pela simplicidade de sua premissa e pela simpatia de seus personagens.

Jed Clampett (interpretado por Buddy Ebsen) é um homem pobre do Arkansas que, ao cavar um buraco em suas terras, descobre petróleo e se torna milionário da noite para o dia. Convencido por seu primo Jethro Bodine (Max Baer Jr.) a mudar-se com a família para a luxuosa Beverly Hills, Jed leva junto sua filha Elly May (Donna Douglas) e a impagável Vovó Daisy Moses (Irene Ryan).

O contraste entre os modos caipiras dos Clampett e a sofisticação (ou esnobismo) da alta sociedade californiana era a base para o humor da série. Misturando crítica social e ingenuidade, “A Família Buscapé” se tornou uma das maiores audiências da televisão americana, chegando a liderar o ranking da Nielsen por duas temporadas consecutivas.


 

De Beverly Hills a São Paulo

No Brasil, A Família Buscapé estreou com grande repercussão na TV Record, nos anos 60, também sendo exibida em outras emissoras ao longo das décadas seguintes, como TV Bandeirantes e TV Tupi. A série foi apresentada com o título que permanece até hoje na memória afetiva dos brasileiros — uma tradução livre e espirituosa que capturou o tom de humor rural da produção.

Os episódios foram dublados pela AIC de São Paulo, estúdio responsável por alguns dos maiores clássicos da dublagem brasileira. Esse trabalho transformou o humor norte-americano em algo familiar, com expressões coloquiais e entonações que lembravam o interior brasileiro — o que ajudou a série a conquistar espectadores de todas as idades.


 

Vozes do riso: a dublagem brasileira da AIC

A dublagem de A Família Buscapé é lembrada até hoje como uma das mais carismáticas da televisão. O elenco escalado pela AIC soube captar perfeitamente o espírito de cada personagem, tornando-os figuras queridas do público nacional:

Waldyr Guedes deu vida a Jed Clampett, com uma voz serena, bondosa e ligeiramente matreira, perfeita para o patriarca que enriquece sem perder o jeito simples. Sua interpretação equilibrava sabedoria e ingenuidade, fazendo de Jed um símbolo do “homem simples que não se deslumbra”; Yolanda Cavalcanti, como Vovó Daisy Moses, foi um show à parte. Sua voz rasgada e impaciente dava à matriarca um temperamento explosivo e hilário — o tipo de humor que, mesmo em português, manteve a energia da original Irene Ryan.

Deise Celeste emprestou doçura e espontaneidade à bela Elly May Clampett, a jovem que trocava a alta sociedade pelos animais de estimação e os costumes do campo. Sua dublagem é lembrada pela naturalidade e pela simpatia contagiante; já José Miziara fez de Jethro Bodine um verdadeiro achado cômico: a voz meio boba e os trejeitos de fala reforçavam a inocência e o exagero do personagem, um rapaz forte, mas sem grande intelecto, que vivia metido em confusões.

O que torna essa dublagem inesquecível é a maneira como o elenco conseguiu nacionalizar o humor. As piadas fluíam com ritmo, sem parecer tradução literal, e cada voz trazia nuances que pareciam moldadas especialmente para o público brasileiro.


 

O legado de uma família que nunca saiu de moda

Mesmo décadas após sua estreia, A Família Buscapé continua sendo lembrada como um dos pilares das comédias de situação da TV. Sua mistura de crítica social, humor físico e personagens ingênuos, mas cativantes, inspirou séries posteriores como “Green Acres” e “Petticoat Junction” — e, no Brasil, influenciou programas humorísticos que brincavam com o contraste entre campo e cidade.

A dublagem da AIC garantiu à série uma longevidade cultural surpreendente. Foi graças a esse trabalho que A Família Buscapé deixou de ser apenas um produto estrangeiro e passou a ocupar um espaço carinhoso na memória da TV brasileira.

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Izaías Correia
Professor, roteirista e web-designer, responsável pelo site InfanTv. Também é pesquisador da dublagem brasileira.

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