Augie Doggie and Doggie Daddy
Bibo Pai e Bóbi Filho
- 29/09/1959 a 20/10/1961.
- 3 temporadas (45 episódios)..
- Hanna-Barbera Productions.

DIREÇÃO DE DUBLAGEM:
Older Cazarré
ESTÚDIO DE DUBLAGEM:
AIC - São Paulo
MÍDIAS:
Televisão e VHS
Elenco Principal
A Dublagem
A relação paterna é mostrada com muito bom humor na animação Bibo Pai e Bóbi Filho, que estreou em 1959 na emissora americana ABC, dentro do segmento do Pepe Legal, ao lado de Olho Vivo e Faro Fino. O desenho tinha tudo para ser apenas mais um entre tantos da fábrica de sucessos da Hanna-Barbera, mas o carisma de seus protagonistas – dois cãezinhos de grandes orelhas pretas – conquistou o público com diálogos recheados de afeto, bordões e pequenos dilemas entre gerações.
O programa foi levemente inspirado em outro trio canino da produtora, Plic, Ploc e Chuvisco, mas encontrou sua própria identidade. Bibo era um pai antiquado, ex-ator de vaudeville, e com uma inteligência bastante limitada, enquanto seu filho Bóbi era um gênio precoce, racional e carinhoso.
A graça estava em ver o pequeno gênio ouvir conselhos do pai tonto – e ainda assim demonstrar sempre respeito e admiração com frases como “meu digníssimo pai” ou “o melhor papai do mundo”. A ausência de uma figura materna nunca foi explicada, mas tampouco impediu que o desenho exibisse uma relação familiar sólida e afetuosa entre pai e filho.
A Volta dos Cãezinhos
Mesmo sem atingir o sucesso dos grandes títulos do estúdio, Bibo Pai e Bóbi Filho permaneceu querido o bastante para retornar algumas vezes. Em 1973, integraram o elenco da série A Turma do Zé Colmeia, ao lado de ícones como Dom Pixote e Leão da Montanha, todos juntos numa arca flutuante em novas aventuras. Mais tarde, em 1977, voltaram a aparecer na competição esportiva de Os Ho-Ho-Límpicos, como membros da equipe “Os Abelhudos”.
No Brasil: Uma Dublagem Memorável
A estreia brasileira aconteceu em 1966 pela TV Record e TV Rio, geralmente às 16h30, junto de Leão da Montanha. Nos anos 60 também apareceu no Clube do Capitão Atlas. Em 1976, ganhou espaço na programação da recém-lançada TVS (futura SBT), onde permaneceu com idas e vindas até 1979. No início dos anos 80, ainda voltou pela TV Bandeirantes, mantendo-se como um dos favoritos entre os desenhos clássicos da Hanna-Barbera.
A Voz do Carinho: A Dupla que Deu Alma aos Cãezinhos
A força da dublagem brasileira de Bibo Pai e Bóbi Filho reside, sobretudo, na química vocal entre Rogério Márcico e Waldyr Guedes. Márcico, veterano do rádio e ator de grande presença vocal, compôs um Bibo Pai absolutamente cativante, com sua fala pausada e entonação antiquada, que sugeria ingenuidade e afeto ao mesmo tempo. Sua voz trazia uma elegância meio atrapalhada que fazia o espectador rir e, ao mesmo tempo, simpatizar com o personagem – um típico paizão que, apesar das limitações, amava sinceramente o filho. Aquela maneira pausada de repetir “Bóbi meu querido filho” ficou imortalizada.
Waldyr Guedes, por sua vez, dava vida a Bóbi Filho com uma interpretação viva, inteligente e respeitosa. Sua voz infantilizada transmitia maturidade e ternura, equilibrando a admiração pelo pai com uma postura serena e sensata. A grande sacada da série – o filho brilhante guiando com carinho o pai estabanado – só funcionava porque havia entrega total dos dubladores. Guedes trazia uma doçura crível às falas de Bóbi, como nos bordões carinhosos que se tornaram marca registrada do personagem. A combinação entre o afeto teatral de Márcico e o tom esperto de Guedes criou uma dupla inesquecível, símbolo da excelência da AIC na dublagem de animações clássicas.
Um Laço Eterno com o Público Brasileiro
Bibo Pai e Bóbi Filho conquistou um espaço duradouro no imaginário do público brasileiro, muito graças à força de sua dublagem feita na AIC. A química entre pai e filho, recheada de bordões afetuosos e dilemas cotidianos, encontrou eco nas famílias que assistiam à série na TV aberta.
A dublagem nacional, ao valorizar a ternura e o humor dos personagens, foi essencial para eternizar esse vínculo com o público. Décadas depois, o carinho por esses dois cãezinhos ainda é lembrado com nostalgia — e as vozes de Rogério Márcico e Waldyr Guedes continuam soando na memória coletiva de gerações, como um afago sonoro dos tempos em que bastava uma TV ligada à tarde para a magia acontecer.